Criação de uma nova empresa de transportes em Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba mudou muito, desde 1959, quando aqui chegamos, com meu pai, oficial do exército transferido para aquela, à época, pacata capital do Paraná.
Teria então cerca de 350.000 habitantes, imagine você! Hoje, este imenso aglomerado urbano que integra (conurba, como dizem os planejadores urbanos) a capital e algumas localidades da região metropolitana, soma quase 3.500.000 (tres milhões e quinhentas mil pessoas).
Passaram-se todos estes anos, a região toda desenvolveu-se muito e a verdade é que o sistema de circulação e de transportes coletivos ficou atrasado em relação a outras cidades de porte assemelhado, do Brasil e do mundo.
Aconteceu aqui um fenômeno histórico-político muito específico: as empresas de ônibus tornaram-se tão importantes e poderosas, em tão estreita simbiose com políticos da capital, que simplesmente não foi possível darmos os passos que todo mundo deu, na direção dos trens urbanos, dos metrôs e de outras soluções universalmente consagradas.
Exceção feita à vigorosa reformulação e renovação empreendida por Roberto Requião, quando prefeito da capital (1986-1988), todas as outras iniciativas apenas reforçaram o poder imenso das familias que tradicionalmente controlam as empresas de ônibus que servem à capital e à região.
Quando há eleições, sempre se fala em metrôs e coisas parecidas e até se convoca empresas do ramo para debater. Logo em seguida, entretanto, tudo volta à situação de sempre.
Voce hoje levará mais de uma hora para percorrer menos de 5.000 metros, de ligeirinho, entre o centro cívico e algum dos bairros mais nobres e mais próximos do centro, nas horas de movimento.
De automóvel não conseguirá nada muito melhor, tal o crescimento descontrolado (e diga-se, muito justo) da frota de veículos particulares, especialmente com os financiamentos de longo prazo.
Resumindo, mantidos apenas os atuais protagonistas, não haverá nenhuma mudança.
Assim, observador atento e muitas vezes protagonista da história de nossa cidade e região, tomo a iniciativa de propor a você, cidadã e cidadão residente, que somemos forças para alavancar um processo de mudança, respeitador e pacífico, que nos devolva a todos o tempo absurdo que hoje despendemos em deslocamentos e que podemos e devemos dedicar a nossas famílias, ao trabalho, aos estudos e a outras atividades gratificantes e construtivas.
Assim, busco identificar companhia de trens urbanos, preferentemente nacional, para num lapso de tres anos transformar esta realidade, com a criação de uma companhia municipal de transportes coletivos que atualize o sistema em relação aos padrões internacionais, resgatando do caos ao mencionado aglomerado urbano e integrando em sua composição acionária de economia mista, às municipalidades, às associações de moradores, aos trabalhadores em transportes, à empresa ou às empresas vencedoras dos processos licitatórios e talvez também, às próprias empresas atualmente controladoras do superado e oneroso sistema hoje em funcionamento, cuja histórica contribuição reconheço, apesar das distorções assinaladas.
Será necessário um envolvimento profundo, investimentos far-se-ão indispensáveis, para que sejam criadas as condições objetivas na chamada opinião pública e na esfera da política institucional. O esforço, planejado, metódico, profissional, se extenderá continuadamente pelos próximos tres anos. Deste, todos sairão ganhadores.
Alguns amigos perguntam-me o que me move. Quais meus motivos para empreender tal caminhada?
Além do imenso desconforto com a situação absurda que vivemos a cada dia, em nossos deslocamentos, há sim, claro que há, motivos políticos.
A política é a forma civilizada de promovermos as mudanças com que sonhamos.