sexta-feira, 19 de março de 2010
Criação de uma nova empresa de transportes em Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba mudou muito, desde 1959, quando aqui chegamos, com meu pai, oficial do exército transferido para aquela, à época, pacata capital do Paraná.
Teria então cerca de 350.000 habitantes, imagine você! Hoje, este imenso aglomerado urbano que integra (conurba, como dizem os planejadores urbanos) a capital e algumas localidades da região metropolitana, soma quase 3.500.000 (tres milhões e quinhentas mil pessoas).
Passaram-se todos estes anos, a região toda desenvolveu-se muito e a verdade é que o sistema de circulação e de transportes coletivos ficou atrasado em relação a outras cidades de porte assemelhado, do Brasil e do mundo.
Aconteceu aqui um fenômeno histórico-político muito específico: as empresas de ônibus tornaram-se tão importantes e poderosas, em tão estreita simbiose com políticos da capital, que simplesmente não foi possível darmos os passos que todo mundo deu, na direção dos trens urbanos, dos metrôs e de outras soluções universalmente consagradas.
Exceção feita à vigorosa reformulação e renovação empreendida por Roberto Requião, quando prefeito da capital (1986-1988), todas as outras iniciativas apenas reforçaram o poder imenso das familias que tradicionalmente controlam as empresas de ônibus que servem à capital e à região.
Quando há eleições, sempre se fala em metrôs e coisas parecidas e até se convoca empresas do ramo para debater. Logo em seguida, entretanto, tudo volta à situação de sempre.
Voce hoje levará mais de uma hora para percorrer menos de 5.000 metros, de ligeirinho, entre o centro cívico e algum dos bairros mais nobres e mais próximos do centro, nas horas de movimento.
De automóvel não conseguirá nada muito melhor, tal o crescimento descontrolado (e diga-se, muito justo) da frota de veículos particulares, especialmente com os financiamentos de longo prazo.
Resumindo, mantidos apenas os atuais protagonistas, não haverá nenhuma mudança.
Assim, observador atento e muitas vezes protagonista da história de nossa cidade e região, tomo a iniciativa de propor a você, cidadã e cidadão residente, que somemos forças para alavancar um processo de mudança, respeitador e pacífico, que nos devolva a todos o tempo absurdo que hoje despendemos em deslocamentos e que podemos e devemos dedicar a nossas famílias, ao trabalho, aos estudos e a outras atividades gratificantes e construtivas.
Assim, busco identificar companhia de trens urbanos, preferentemente nacional, para num lapso de tres anos transformar esta realidade, com a criação de uma companhia municipal de transportes coletivos que atualize o sistema em relação aos padrões internacionais, resgatando do caos ao mencionado aglomerado urbano e integrando em sua composição acionária de economia mista, às municipalidades, às associações de moradores, aos trabalhadores em transportes, à empresa ou às empresas vencedoras dos processos licitatórios e talvez também, às próprias empresas atualmente controladoras do superado e oneroso sistema hoje em funcionamento, cuja histórica contribuição reconheço, apesar das distorções assinaladas.
Será necessário um envolvimento profundo, investimentos far-se-ão indispensáveis, para que sejam criadas as condições objetivas na chamada opinião pública e na esfera da política institucional. O esforço, planejado, metódico, profissional, se extenderá continuadamente pelos próximos tres anos. Deste, todos sairão ganhadores.
Alguns amigos perguntam-me o que me move. Quais meus motivos para empreender tal caminhada?
Além do imenso desconforto com a situação absurda que vivemos a cada dia, em nossos deslocamentos, há sim, claro que há, motivos políticos.
A política é a forma civilizada de promovermos as mudanças com que sonhamos.
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